Nesta nova geração de adaptação de
nossas rotinas, temos uma nova companhia. Uso o termo companhia, pois muitos de
nós ainda temos estes processos meramente do nosso lado, sem representar ainda
um amigo, ou inimigo.
O fato é que como dizia Renato Russo:
“...toda dor... vem do desejo... de não sentirmos dor...”. A esta altura, com
tantos projetos novos para adaptação eletrônica, muitos de nós ainda dizemos
que estes processos sempre foram feitos com papéis e sempre funcionou, ao menos
para nós. Pois é... falando em sempre fizemos, lembram-se da Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim, eu vivi assim, eu sou mesmo assim, vou
ser sempre assim, Gabriela”. Mas o mundo
gira, novos aprendizados surgem, o planeta evolui. Ou seja, não dá mais para
ser do jeito do papel e quem criar conflito sentirá dores.
Muitos dizem que
nosso Governo, através dos seus legisladores, está nos sufocando com tantas
obrigações. E ainda tem gente (como eu agora) dizendo que precisamos aceitar
isso, que não tem mais volta? Sim, mas não exatamente desta forma. Quero dizer
que ou toda a classe contábil e jurídica se unem e fazem manifestações em
Brasília dizendo não para tudo isso, ou temos que aceitar, já que quem faz
estas normas, mesmo que indiretamente, são as pessoas às quais nós, população,
votamos. Mas isso é outra discussão.
Mas pensando um
pouco mais, será que realmente estamos sendo apenas sufocados? Será que ninguém
que está criando estas normas está pensando nas consequências? Sinceramente,
acho que não. Acredito que seja muito bem analisado antes da publicação. Claro
que há erros, pois não existe sistema perfeito. E também, vejo que a classe
contábil e jurídica, que acredito serem as maiores forças de defesa dos
contribuintes, estão mais fortes e nem tudo vem goela abaixo.
Entendo que o
problema esteja nas obrigações redundantes; que poderiam ser simplificadas ou
mesmo suprimidas, que ainda sim o Governo teria as mesmas informações, com mais
acuracidade, em menos tempo, com custos menores. Isso é óbvio, mas porque o Governo
não faz isso? Acho que o Sistema Governamental é tão complexo quanto isso e não
é tão simples de mudar: burocracia, corrupção, defesa de interesses, falta de
gerenciamento de processos, despreparo e preguiça de muitos agentes públicos.
Se no futuro
tivermos um bom sistema de fiscalização, vejo que haverá um grande ganho para ambas
as partes: Governo e Contribuinte. O Governo não precisará de tantos
investimentos para fiscalizar, já que terá mais controle sobre que os
contribuintes fazem. Com isso deve haver simplificação do sistema tributário. O
que já será um ganho para os contribuintes. Para os contribuintes, haverá cada
vez menos formas para sonegação. Viram só? É um sistema. Não dá para mexer em
um lado sem mexer no outro. Não é só culpa do Governo. Hoje não se sabe se o
contribuinte paga mais tributos porque o Governo não sabe administrar, ou o
Governo cobra mais porque há contribuintes que sonegam.
Não tenho
dúvidas de que a adaptação aos meios eletrônicos seja um avanço tecnológico
para o país, que os investimentos efetuados acabam contribuindo para a melhora
do PIB – Produto Interno Bruto e do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.
Devemos continuar a manifestar nossa indignação, mas não vamos olvidar de que
nossas palavras tenham efeito. Vale a máxima de tentarmos não apenas reclamar,
mas apresentar soluções. Somos cabeças pensantes.
Jesuino Lopes
Contador
jesuinolopes@yahoo.com.br
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